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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Enquanto Isso, Na Vida...

  
   O mundo caía, lá fora. Chovia o equivalente a uma semana, sem parar. Era uma Segunda-feira de Carnaval. Ela andava na rua tranquilamente, como se nada pudesse fazer mal. Ela que sempre foi comedida, aceitou o risco. Pegou toda aquela chuva e a cada passo que ela dava, uma nova imagem voltava ou se criava, uma imagem da possibilidade, uma imagem da saudade que aqueles dias tão rápidos deixaram em sua memória e em seu coração. Cada vez que ela piscava, ela sorria na mesma proporção. Um sorriso tão genuíno e sutil, daqueles que só um dia de chuva no verão pode proporcionar a alguém. Era um misto de ilusão com vontade, realidade e impossibilidade, em meio a tantas inverdades. Era um castelo de areia, um oceano de sonhos, com uma pitada de cereja: vermelha e delicada. Queimava e sufocava, sua mão se entendeu até a minha boca porque o silêncio era necessário. E então, tudo ficou infinitamente menor do que eu esperava. O lugar tornou-se menor que o meu desejo, o seu beijo transformou-se em um veneno doce e saboroso, que me matava lentamente, toda vez que ele tocava em meu rosto. Aquele tipo de olhar que quando se cruza, faz você viajar na alma do próximo, é uma conexão que não daria para explicar. O beijo encaixou, o corpo se encontrou, e duas almas, ali, naquele momento, foram felizes. E assim, mais um momento se passou. E assim, mais uma oportunidade foi deixada de lado. Mas esse não seria o problema, porque o problema nunca fora dela, mas sim com ela.

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