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sábado, 19 de julho de 2014

1 Atmosfera

Foto: Michael Marten

Eu venho eventualmente ver a natureza
Para ver a vida com mais clareza
Eu vejo a praia e nela me cobre a areia
Se tivesse que denominar, a chamaria de Problema
Mas aí veio a água e consigo levou o problema
Chamaria esta de solução
O vento insiste em trazer a discórdia
em um porto onde agora só restam as cordas
Eu vejo o morro, verde de esperança
Que me traz a lembrança de que tudo na vida
são circunstâncias
Munida de caneta e papel
Assim eu olho para o céu
E tudo que me cerca
Seria muito ruim dizer que nada mais aqui me resta?
Eu vejo um pescador parado no meio do mar
Em meio a tantas ondas rasas e penso:
"A vida é exatamente assim, água que também mata a sede
é a mesma que faz mal pra mim."
Uma ou outra alma perdida
Que na verdade, só caminha, pois assim alivia
E passam, olham
Escutam suas músicas em suas tecnologias
Eu prefiro à moda antiga
Caneta no papel...
Essa me alivia!
Muito embora a melodia me acompanhe aos ouvidos
Mas para o meu espírito
isso é parte do ofício
Só a música nos toca no infinito
quando estamos sozinhos
Tantas nuvens juntas e desenhos tão confusos
E logo se aproxima a chuva
Ah, sim... E lá permanece o pescador
Crente que nem a chuva pode abalar o seu Salvador
Eu costumava ter uma dúvida em mente
Será que me aspiro a letras
Ou são pelas imagens que vejo a frente?
Correndo já são 16
E ainda nem são 06:00!
Cada um em seu ritmo
Uns mais acostumados
Outros mais aflitos
E assim cai a primeira gota de chuva
A única que restou
Depois de tanta lamúria
Quem sabe chova hoje o que me foi impedido
Chuva faz renascer aquilo que foi proibido
Vêm e limpa, traz esperança
Me faz ver o mundo ainda
com olhos de criança
E assim o pescador se foi
Porque ele sabe que a chuva faz florescer
Mas em excesso ela faz morrer
Sem respostas, mas renovada
Comigo caminha o vento
E olhares incompreendidos
10 dias se passam
mais rápido do que caminho
E assim respiro ares
de um quase novo abrigo
Vêm, Deus, comigo
Segure minha mão
como uma mãe faz com seu filho
Me dê forças para suportar
Mas ainda mais para amparar
E assim deixo a vida me levar...
E o pescador? Voltou para lá
Para enfrentar tudo que as ondas trouxerem
Nesse mundo feito de mar.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

1,2-Meta-3,4-Mor-5,6-Fose



Nas moradas do meu Eu
Sentada à beirada da cama
Eu costumava ter direitos
O de chorar foi o único que restou
Mas não foi o único que escolhi
Deitada a noite costumava orar
E Jesus era tão mais fácil de imaginar
Mas como é difícil ver luz na escuridão!
Que quase reina no meu coração
Mas a minha luz insiste em dizer não
"Aqui quem impera sou eu, também sou filho de Deus!"
Quantas vezes eu quis, eu tentei
Mas a força do hábito foi mais forte por haver um "Rei"
"Filha, não acha que já cuidou demais dos outros
e agora está na hora de cuidar de você?"
Quanta tolice é a ignorância
Seja ela consentida ou não
Eu queria ter Te escutado
Porque é inegável que a Luz sempre impera
Mas às vezes é difícil deixar de ser cega
Muita luz incomoda os olhos
Que só água enxergavam em um barco a remar
Porque também me foi tirado o direito de chorar?!
Sabe...
Eu gosto de correr, viver, brincar, sorrir e amar
Eu gosto de me amar, compartilhar, provar e testar
Nem sempre acerto, nem sempre construo
Pontes em cidades instáveis
Transeuntes
Corpos sinestésicos
de efeitos anestésicos
Corpo, mente e alma
Embarcam num riso que ecoa
na forma de alegria
Onda que entoa
e transpassa a alma
Vai além do que os olhos podem ver
Tem gente que sai pra apagar
Tem gente que chegar pra agregar
Paz, sossego, liberdade e aconchego
É tudo do meu apego
Que nem sempre é tátil
Na maior parte das vezes é sádico
Amar em corpo
O que se viveu no passado
"Si" que vai com a melodia
"Ré" que a vida tardia
No dedo se toca uma melodia
Eu sempre ouço uma cacofonia
É uma mistura de sabedoria
Escrever sob um céu estrelado
Deitada sobre um estrado
Em um outro estado
Onde a mente flutua
Como a Lua
e reflete meus sonhos
Que busco em Morfeu
O meu Eu
Que há pouco parecia perdido
Porém, me foi devolvido
E está prestes a ser resolvido
O direito de ter o meu Eu protegido.


domingo, 13 de julho de 2014

Entre(e)lace



Os meus dedos
As minhas pernas
Os meus braços
Em meio a uma tempestade
de amor sem fim
Entre, mas peça licença
Em coração de paz
Maldade não compensa
Moça vive, não pensa muito não
Você perde tempo demais
Com o que não compensa
Senta serena na areia
Pássaros cantam ao seu ouvido
Fecha os olhos e lembra
Como era bom correr no gramado vasto
de um semi-pampa sem fim
Lembra como a natureza sempre foi afim
E afinidade não se explica
Não se sintetiza
Lembra do som da água caindo
Que te acalmava quando você chorava
Num dia de Sol
Num frio intenso de sentimento
Que só se aquecia quando olhava pra fora e via
Que há vida além da vida
Que na vida tem melodia
Como tinha ao cantar num abraço apertado
Que há tempos não me é dado
Porque tudo está fechado
Para quem não tem a chave
de um cofre sem fim
Que mora em mim
Chamado coração
E vive dizendo não
Negando a própria razão
de ser feliz agora
Enquanto pode
Enquanto vive
Que tanto vi, fiz, lutei, chorei
Mas me libertei
Entrelace!
Entre e lace.

É Uó!

Foto: Romero Britto

A, E, I, O, U
É uó!
1, 2
Dor
3, 4
Calor
5, 6
Saudade
7, 8
Motivo
9, 10
Circunstâncias
1000!
Para dizer tudo que gostaria
Sem sonoridade ou rima
Sem influência
Sem presença
Só sentimento
Que me abraça
Que me envolve
Numa nuvem quase transparente
de sentimentos misturados
Perdão, resignação
Tudo que virá na continuação
Tudo que busquei pela  falta de demonstrar
As mil palavras que nunca disse
Tentei e gaguejei
Talvez pela falta de bravura
E quase ninguém vê que também sou candura
Tem coração, tem sofrimento sim!
Contido em lágrima
Expresso em amor
Contido numa piada
Que tem um doce-amargo sabor
E sempre provei
Mas foi quando me amei
Que me encontrei
Mais do que ajoelhar e pedir
É preciso se redimir
Se necessito renunciar para escolher
Talvez a minha escolha seja mais poderosa
do que o pensamento costumava ser
Por isso foi preciso crescer
Crer, ver, saber, viver
Mais do que esperava
Consegui sobreviver
Ao som de batidas, feridas, aplausos...
Como feria...
Sentir na alma o que o corpo não reagia
A buscar um perdão
Envolto por uma razão
Que nunca pertenceu ao meu coração
Foi um leva e traz
Amores, desgastes, provas
E mais uma vez
Ausência!
Ausência do pior jeito possível
Como você se sentiria num ambiente cheio
de espíritos vazios?
Sem amor, condição, compaixão, doação
Sem luz, afeto, estrutura
Sem lar interno
Conto de novo
1, 2
Nada pra depois
3, 4
Darei-te um abraço
5, 6
Força outra vez
7, 8
Perdão e reforço
9, 10
Amor incondicional até os pés!
1000!
A quem ler isto, só sentiu.


sábado, 12 de julho de 2014

Senti(r)(o)(mo)mento

Foto: Karla Leopoldino

A rotatividade do sentimento é constante
É do tipo que cerca, vigilante
Tem sentimento que vem, domina
Se cria, espalha
Que vem na forma de lágrima
Pra expressar o carinho que vem
Do lugar de onde tem
Vários afetos de quem nem esperamos
E afetos de quem gostamos
Eu aposto sempre que o sentimento
É o afeto em excesso que desestrutura pro bem
A gente fica sensível mesmo
Quando recebe muito
Daquilo que quase não tem
É o sufoco de um choro em expansão
Que sempre escutou um não
Pra não fazer feio no meio da multidão
Que quase me pego fazendo o contrário
Do que sempre fui acostumada a fazer
E que não é errado, não faz mal algum
Não existe drama ao demonstrar emoção
Porque sentimento é pessoal
Não é demonstração de horror
Cada lágrima tem motivo
Se molha o olho, mexe o coração
Por favor, que os corações bombeiem mais sangue
Em corpos que não vivem, sobrevivem
A censura de demonstrar o que pensam, querem
Se idade fosse sinônimo para vida
Pequenos, adultos, idosos
Jovens cuidem-se
O tempo é a brevidade, breve idade
E o que eu pensava, penso
E transformou, o vento
Levou o que eu acabei de pensar
E já mudou novamente
Tudo o que eu estava acostumada a olhar
Com olhar crítico
Espírito infundado
Nas verdades não universais
A falta que a falta faz
Que o tempo joga
E implora
Pede pra voltar
E pra ir embora também
Se ficar assim, acostuma
Se melhorar, piora
Acomodar não aflora
Ideias que tenho para uma vida inteira
E a força que costumava ter
Às vezes some
Ou multiplica no tamanho no meu ser
Depende muito do meu ver
Que para ser feliz
Vai além de mim, do tempo ou de viver
O momento que parece crítico
Resolve muitos conflitos
Bem maiores que os contentos
E não foi engano meu
Que transformei tudo a minha volta
No tamanho que eu quis dar.


terça-feira, 1 de julho de 2014

Breve(idade)



O que sei eu dessa vida?
Costuma ser só um instante
Pisquei e já foi
E o que eu não perco
Num piscar de olhos?
Quantas paisagens, despedidas
Abraços, beijos, despedidas
Risos, banquetes, turmas
Amizade!
Família!
Que tem casa fixa no coração
Onde o vento não pode derrubar, modificar
Porque a estrutura corre na veia
Sabe...
Eu passo uma tarde olhando pro céu
Observo, respiro, aceno, sorrio
Mas só permaneço no aconchego
Do silêncio apertado
Que é dado num abraço
De um peito em dor
Que o choro contido no riso
Já nem me é mais tão sofrido
Quando olho para um céu
Cheio de probabilidades
E um horizonte em expansão infinita
Que estes versos nunca me faltem no coração
Transferir pro papel
O pensamento da multidão
E eu que antes só queria compreender
Hoje em dia sou compreendida
Dura mais que uma vida
Sentir a alegria
De poder (re)viver
É que a cada renascer
Vem uma mudança pro meu ser
Que no meu ver
Só fica registrado
O que eu puder entender
Porque já nem me importa mais
Se o momento é perfeito
Visto que dentro do meu juízo
Eu sei que só me perco
E me atrevo em dizer sim para a vida
Que antes me era tão reprimida
Mas que hoje me vem cheio de querer, poder
Veja que engraçado
A música toca
Enquanto a inspiração fica alado
Ou não fica, talvez dependa
Se me encaixo num julgamento padrão
Ou se faço a sua pena
Ninguém que se cria no mundo
Tem abrigo seguro
Tem abrigo seguro?
Abrigo seguro!
Mas a fé que carrego
É dentro do amor
Que aprendeu na dor
A se doar
Sem não mais deixar a si mesmo
A mercê do abrigo alheio
Que era como num rodeio
Laçava o coração
Pra cair numa situação
Em cima de um chão
Destruído por um rio de lágrimas
Cristalinas, quase invisíveis
Que foi recuperado, mesmo que parcialmente
Como um animal que foi judiado
Foi privado
Nem sei se isso é história
Mas se tem o fato
O que me proíbe de contar?
A censura?
Ou o senso faz a censura?
Que no mundo onde eu vivo, eu crio
Permaneço, enlouqueço
Dentro de uma epifania tão minha
Levo a multidão a sofrer da minha mania
É, eu sei que reviver foi escolha minha
Foi uma parada séria
Aquela combinação lá em cima
Mas foi a breve(idade) que contornou
Uma história de riscos
Que não faltava amor
Tinta de sangue, num papel machê
Votos que fiz por mim e por você
A breve(idade) é o tempo curto
De quase um surto
Que elevou  o oculto
Dentro de um mar azul
Cheio de segredos
E quem nunca teve medo?
É porque nunca se entregou por inteiro.

E assim Guimarães já dizia: "Quem elegeu a busca, não pode recusar a travessia."...