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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Papo de Maluco




Entre cafés vou esperando um novo amor
Um que não seja requentado
Que me traga um novo sabor
Amor de mundo
Amor sem ilusão
Porque me peguei pensando na distância
E sempre achei que fosse ruim
Só que de repente
Notei que é na falta que se dá o devido valor
Das causas impossíveis
Temos amores incertos
Gosto de canela
Forte, intenso
Como só ela
Francamente, ela diz que se importa
Que sabe que você nota
Mas no fim já esgotou sua cota
O ser humano que exagera na dose
Olha, ri e nem dá corda
Acha que é uma pena
Você ser um completo idiota
Sabe ser serena
Com a plena certeza
de que o que um não faz
o outro realiza sem tristeza
Mas esse tempo que eu vivi
de muita solidão sofri
E foram só 2 vezes
E foram só 4 vezes
E daqui a pouco serão 6, 8, 10, 12 vezes
Mas que sejam 12 horas de cada sentimento bom já vivido
Esgota-se na passagem do tempo
a espera que é quase imediata
Por um tempo de mais amor com menos dor
Luzes azuis, vermelhas
Chamas violetas
Assim são as borboletas
Voam em busca contínua
de ofertas que não sejam cafetinas
Em um tempo onde troca-se de amor
Como troca-se de roupa
Saber esperar o tempo certo
Você ainda sai como louca
E você tão cheio de si
Ignorante porque se acha tolerante
Toca o trompete porque está passando
Veio buscar a felicidade
Voltou se questionando
Troquei palavras numa mesa
Em uma esquina qualquer
Eu ouvi: “ele nem me nota”
Entre risos constrangedores
E silêncios amadores
Rebateu-se aquela premissa
Com o que eles chamam de boa resposta
De que nem todos são iguais
E que as mulheres são sempre exigentes
“Que tanto cobram e não nos entendem”
“Porque no fundo somos homens e sinceros sempre!”
Daqueles papos que você vê o absurdo estampado
Verdadeiramente
E então o sentimento mais latente: todos querem amar
Mas os mais sábios não são os que procuram o amor
São os que sabem o que fazer dele
Quando o copo finalmente mata a sede. 
Enquanto o café continua frio
Eu digo: "Garçom, me vê outra 'breja', por favor!"
 

domingo, 19 de outubro de 2014

Poema do Reprimido




Comemoro e agradeço aos mais de mil visitantes no Blog Eu-Expresso. Meu eterno carinho por vocês e pela arte da escrita...


E então
Passou aquele tempo que você tinha me pedido
Não foi exato, nem preciso
Não foi um tempo que eu tinha pedido
Eu só conheci um braço que me dava o teu abraço
E ignorei todos os seus traços dentro de mim
Eu bem que te procurei por todos os cantos
Os seus encantos perto de mim
Nos cabelos longos e escuros, divertidos, coloridos
Eu achei que pudesse ver você
Mas somente na tua ausência
Eu percebi o quanto doeu sentir de novo você
Já não mais quero você
Talvez eu queira até me perder
Tentativas frustradas de querer rever você
Em quem não é você
Não estava me importando se estava sendo visto
Se estava sendo manjado
Eu queria mesmo ver você de novo ao meu lado
Eu sei que isso não é possível
Daí num ato desesperado
Eu te procurei em rostos que não conhecia o passado
Até que eu encontrei alguém
Um alguém que era um pouco você
Mas que foi um pouco além
Bons amigos
Saíram sem firmar compromisso
Ela sorriu e me viu
Eu a olhei e ela sentiu
Queria fugir como se não houvesse um abrigo
Ali, um ombro amigo
Queria um beijo
Se o medo não fosse seu melhor amigo
Que enquanto se encantava
Eu te via, eu sorria
Mas não mais te queria
Você se foi e eu fiquei
Por muitos meses te procurei
Até tentei
Mas não poderia te ter
Brindo à vida
Quero um novo lugar
Um alguém para pertencer
Não acordar mais suado
De tanto correr pra te procurar
E me perder
Meu amor já não é mais aquele que sempre esteve aqui
Ele é o vento, uma brisa
Que hoje eu vejo quando você sorri
Na cama ficaram os lençóis intocados
E as nossas histórias enroladas
Como nós éramos
Entre riso, choro, saudade e abraço
Eu bem que te queria de volta
Mas isso já foi
Ficou pra trás
Hoje eu tenho um alguém
Que me faz bem demais
Não te esqueço, nem esquecerei
Leve contigo tudo o que fiz
Mas agora em outro braço
Pertencerei.


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Relicário




Tenho que aprender a ficar sozinha
A estar sozinha
Muito estranho dizer isto
Afinal, eu nunca me sinto plenamente assim.
Sinto-me protegida, apesar de tudo
A presença dos anjos me acalma, conforta
Os anjos que tudo sabem
Ensinam os mais leigos a trilhar o melhor caminho
Com paz, amor e resignação.
Ainda preciso aprender a viver só
Para encontrar a felicidade plena
Antes de encontrar a felicidade terrena
Ainda que eu viva de meias palavras
de meias promessas
sentir a falta de um ente
sentir a presença contente
de quem me faz rir sempre
mas essa falta prejudica
e eu tenho muito que aprender
Ainda preciso aprender a viver só
Mas será que depois de encontrar a felicidade plena
ainda serei terrena?
Ela é possível de fato neste momento?
É tangível?
Como ela é?
Eu acho que aprendi a viver sozinha...
Mas esqueci de como era ser feliz além de mim
Tantas desventuras
Tomaram um pouco da minha candura
Mas ainda assim insistem em procurar o meu melhor
Será que eu já aprendi a viver sozinha?
Uns passam e olham
Outros olham e enxergam
Estes estendem a mão com os braços abertos
E um sorriso no rosto
Aí, começo a perceber que o tempo sozinho
Precisa ser construtivo e não destrutivo
Que esse tempo não pode amargar
Ele deve equilibrar
E então, eu resolvi confiar
Até o meu cristal se quebrar
E novamente, voltar a me questionar
Será que já aprendi a viver sozinha?
E o que vai além da moral
Afeta o emocional
Ser muito racional
Às vezes me faz até mal
Mas como proceder?
Gostaria muito de poder ver
Algo ou alguém em que pudesse crer
De fato para viver
Novamente um bem-querer
Além do prazer de pertencer
É...
Eu acho que aprendi a viver sozinha!

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Quimera



Foto: William Aguiar

São aquelas fases que você passa sem notar
É como se todos te olhassem, falassem de você
E com você, para você.
É uma liberdade que nunca sai de uma prisão
A do pensamento.
Escrevo para aliviar toda aquela sensação de aperto
Da saudade, distância, família, amigos, lugares
Do vento que secava minha lágrima
Do Sol que ardia quando mal ainda era dia
A carne que meus ossos suportam
Por vezes parece ser tão fraca
E dentro de mim tão pesada de suportar
Algo que talvez eu não soubesse explicar
Buscar, buscar e buscar...
Sensação de concorrência
Pra bater a própria competência
Muitos talentos, rostos e olhares
Poucas palavras e gestos
Sem ter certeza para quem dou o meu afeto
Se escolho demais, não me resta ninguém
Se dou demais, viro um alguém
Então como faço para achar um equilíbrio?
Como faço para manter o rosto erguido?
Busco tantas explicações e por vezes
Esqueço de que a maioria das pessoas também não sabe
Nem onde estão, nem para onde vão
Tão pouco com quem estão
Não querem ver, saber, pertencer
Somente viver por viver
E já me questionei tanto se estou errada
Se fui muito apressada
Se merecia ser perdoada
Se a chance devia ter sido me dada
Se eu deveria ter cruzado esta estrada
Eu sei, fui eu quem escolheu
Viver no mundo sabendo que ia se perder do meu eu
Unido por um fio de confiança e uma corda de amor
Procuro uma baía para lançar a âncora da paz
Fixar a luz, o amor a tudo àquilo que me traz
Calma, amor e um (a)braço capaz
Que tanto penso e sinto que existo
Persisto em algo que considero errado
E aí escuto: “você vencerá”
Deus, Tu sabes o que faço, como faço
e quando irei fazer
Por favor, suporte os meus pés para que esta vida
Não me mate de desprazer
Sustenta meu corpo, pois nele uma alma habita
Antes de cruzar a ponte para a outra vida
Quero ser feliz também
E fazer o bem
Não vendo a quem.