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terça-feira, 1 de julho de 2014

Breve(idade)



O que sei eu dessa vida?
Costuma ser só um instante
Pisquei e já foi
E o que eu não perco
Num piscar de olhos?
Quantas paisagens, despedidas
Abraços, beijos, despedidas
Risos, banquetes, turmas
Amizade!
Família!
Que tem casa fixa no coração
Onde o vento não pode derrubar, modificar
Porque a estrutura corre na veia
Sabe...
Eu passo uma tarde olhando pro céu
Observo, respiro, aceno, sorrio
Mas só permaneço no aconchego
Do silêncio apertado
Que é dado num abraço
De um peito em dor
Que o choro contido no riso
Já nem me é mais tão sofrido
Quando olho para um céu
Cheio de probabilidades
E um horizonte em expansão infinita
Que estes versos nunca me faltem no coração
Transferir pro papel
O pensamento da multidão
E eu que antes só queria compreender
Hoje em dia sou compreendida
Dura mais que uma vida
Sentir a alegria
De poder (re)viver
É que a cada renascer
Vem uma mudança pro meu ser
Que no meu ver
Só fica registrado
O que eu puder entender
Porque já nem me importa mais
Se o momento é perfeito
Visto que dentro do meu juízo
Eu sei que só me perco
E me atrevo em dizer sim para a vida
Que antes me era tão reprimida
Mas que hoje me vem cheio de querer, poder
Veja que engraçado
A música toca
Enquanto a inspiração fica alado
Ou não fica, talvez dependa
Se me encaixo num julgamento padrão
Ou se faço a sua pena
Ninguém que se cria no mundo
Tem abrigo seguro
Tem abrigo seguro?
Abrigo seguro!
Mas a fé que carrego
É dentro do amor
Que aprendeu na dor
A se doar
Sem não mais deixar a si mesmo
A mercê do abrigo alheio
Que era como num rodeio
Laçava o coração
Pra cair numa situação
Em cima de um chão
Destruído por um rio de lágrimas
Cristalinas, quase invisíveis
Que foi recuperado, mesmo que parcialmente
Como um animal que foi judiado
Foi privado
Nem sei se isso é história
Mas se tem o fato
O que me proíbe de contar?
A censura?
Ou o senso faz a censura?
Que no mundo onde eu vivo, eu crio
Permaneço, enlouqueço
Dentro de uma epifania tão minha
Levo a multidão a sofrer da minha mania
É, eu sei que reviver foi escolha minha
Foi uma parada séria
Aquela combinação lá em cima
Mas foi a breve(idade) que contornou
Uma história de riscos
Que não faltava amor
Tinta de sangue, num papel machê
Votos que fiz por mim e por você
A breve(idade) é o tempo curto
De quase um surto
Que elevou  o oculto
Dentro de um mar azul
Cheio de segredos
E quem nunca teve medo?
É porque nunca se entregou por inteiro.

E assim Guimarães já dizia: "Quem elegeu a busca, não pode recusar a travessia."...


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