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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Quantidade




- “Oi, tudo bem?”
- “tudo”, respondi.
- “Quantos anos você tem?”
- “Eu tenho 22”, e sorri com cara de quem tinha mais
Eu tenho 22 mais dois
Uma cachorra
Uma irmã
Um pai e uma mãe
Vários tios e tias
Primos e primas
Pra lá de cinquenta!
Amigos?
Minha adolescência inteira me sentia cercada por eles
Mas vivia só
A melhor companhia que eu tinha
Era a certeza de que um dia tudo iria mudar
Amigos hoje?
Tenho, poucos, conto nos dedos
Tem a Rafa, o Kinho, a Pri, o Gui, a Bibi
Minha mãe
Amigos bons, leais
Que sobrevivem as ruínas do tempo
Como se nunca eu fosse encontrar pessoais iguais
Obviamente que não vou
Cada ser é único
Mas esses tem algo além do óbvio
São movidos por uma força além do comum
Em especial minha mãe
Ela é guerreira
Eles não caem no senso comum
Pensam fora da caixa
Enxergam dois em um
O futuro hoje veio com gosto de susto
É aquela fase da casa dos dois que nunca cessa
Eu sempre digo as pessoas
“Espera você entrar na casa dos dois, puta, fodeu!”
E dou risada.
Mas eu acho que cada vez que soma mais um
A confusão só aumenta
É 30, 40
Pode ser 60
As perguntas que movem o mundo
E as respostas que geram consequências
Eu venho aprendendo o significado de uma palavra que sempre caminhou comigo
Segurança
Quem é que pode dizer estar seguro hoje?
De tudo, oras!
Estudo, trabalho, casa, amor, amizade, família, mundo...
Procuramos uma estabilidade que nunca nos foi garantida
Mas é sempre muito prometida
Quando a gente acorda e respira conscientemente
Qual será o primeiro sintoma que abala a gente?
Aquele que faz você se sentir ou feliz ou triste pela manhã
Ou eufórico ou ansioso
Qual é o teu primeiro pensamento?
Deus? Amigos? Família? Trabalho? Problemas?
Daí a gente pega e faz uma oração pra ver se aguenta
Um dia inteiro vivendo a luz da cegueira
Só que tem vezes que a confusão é tanta
Gente correndo, saindo, chegando
Perdendo, ganhando
Amando ou matando (de várias formas)
Desassosseguei há muito tempo
E nem eu sei qual é o meu sustento
Para todos os efeitos, me chamam de louca
E depois pedem conselho pra ver se a minha loucura dá conta
Costuma dar, engraçado, né?
E é tanto pensar que a cabeça parece estourar
Uma montanha russa do meu próprio bem-estar
Quem se atreveria a explorar?
Boa sorte!
Há pouco pensava que os números eram tudo
Que me davam até sorte
E se eu tivesse um
Escaparia até da morte!
Hoje eu vejo que eu posso ter um zero e ter tudo
Posso ter 1 e nada ter
Ou posso associá-los para me esclarecer
E será que de alguma forma
Nós realmente temos algo a perder?


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