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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Voa




Nos tornamos vítimas do nosso próprio desespero
E nesta pista, às vezes, somos os aviões
Outras vezes, passageiros
Vendemo-nos a custa de carícias baratas
Pseudo-amores
Placa de 24 horas
Ou quem sabe
Fique mais de uma noite
Uma placa de vende-se fica mais tempo
Em terra de quem desonra os valores
Quebra de protocolos
Quebra de regras
Quebra de vidro
Quebra uma casa
Quebra até um sigilo
E tudo tem estado tão quebrado
Que colar tem me parecido impossível
Reconstruir um cristal é como tentar recuperar um tempo perdido
Ele jamais será o mesmo
Nem em seu propósito
Nem no seu sentido
Somos escravos das nossas vontades primitivas
E consumimos nossas fantasias em atos impulsivos
Somos a pressa da água que escorre em uma montanha
E hoje a água que me escorre no rosto,
tem a mesma urgência
Mas cai lentamente,
 para eu perceber cada parte da minha existência
Sou um grito de socorro oculto na alma
Sou amor verdadeiro, a cada vez que sinto a tua falta
Sou canção que acolhe, quando tudo está sem alma
Sou uma voz de sossego, quando bate o sopro do vento
Sou alegria que contagia
Tão nublada, quanto ensolarada
Tão meio cheia, quanto meio vazia
Tão esperançosa, quanto uma mera fantasia
E vivo cheia de sonhos em um círculo espaçado
Entre tempo, coragem, amor e saudade
Círculos esses que formaram-se de ciclos
Que hoje me soam tão infinitos
Como um cálculo matemático imperfeito
Que procuro entender desesperadamente,
para avançar uma etapa
E muitas vezes avanço na etapa sem entender o cálculo
A matemática é uma vida também
E isso não se trata de conhecimento
Trata-se do tempo
E quanto tempo mais ainda temos
Para aprender tudo que nos é dito
Sem sofrer com os temores que nos traz o vento?
E hoje voo tão alto que não posso ouvir a mim mesma
Voo em uma perspectiva quase inerte
Esperando um pouso forçado
Ou uma aterrissagem breve
No fim só seremos aquilo que queremos
Se tudo que fizermos for realmente o que nós temos.
O que você tem? 


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